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Editor: José Trindade



sexta-feira, 18 de março de 2011

PT organiza bancadas e militantes contra o "distritão"

Do Valor Econômico, matéria referente a estratégia do PT frente ao chamado "distritão", leia na integra.

Raymundo Costa e Raquel Ulhôa De Brasília
18/03/2011

O PT decidiu mobilizar todos os segmentos organizados do partido, além de suas bancadas no Congresso, contra a criação do "distritão", no âmbito da reforma política. Dirigentes partidários consideram que a proposta é um golpe contra o PT. Nessa disputa, os petistas estão aliados ao PSDB e DEM, pelo menos por enquanto, dois outros partidos considerados "orgânicos" como o PT.

Os petistas avaliam que a tese de acabar com o voto proporcional para vereador e deputado e em seu lugar implantar um sistema eleitoral, chamado de "distritão" (pelo qual os candidatos mais votados no Estado são eleitos) é uma articulação essencialmente do PMDB - à frente da qual estariam o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, José Sarney (AP) -, e do presidente do PP e da Comissão de Reforma Politica do Senado, senador Francisco Dornelles (RJ).

A estratégia petista foi aprovada em reunião da Executiva Nacional, realizada ontem, mas havia sido traçada na terça-feira, em reunião de integrantes das bancadas na Câmara e no Senado com representantes da Fundação Perseu Abramo. Um comitê foi criado para organizar debates e atos nos Estados, para propagar a posição do partido em relação à reforma política.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser convidado pelo partido a encabeçar essa articulação nacional em defesa dos interesses do partido na reforma política. Isso não cria conflito com a presidente Dilma Rousseff, segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), porque "não cabe a ela ser cabeça de um movimento popular, mas ao ex-presidente, com certeza".

Costa diz que o PT discorda totalmente do "distritão" e do distrital puro, pelo qual o Estado é dividido em distritos, mas considera o primeiro pior ainda: "O distritão exacerba todas as deformações que o modelo atual tem. Primeiro, você vai disputar um voto majoritário, o que significa uma eleição mais cara, porque vai ter que buscar mais eleitores no Estado inteiro. Está concorrendo com todos os outros candidatos, para ser um dos mais votados." Além disso, numa eleição majoritária, o papel dos partidos deixa de existir, afirmou. "Em vez de acabar com o fenônemo das celebridades na política, vai aguçar. Isso fortalece o poder econômico e fragiliza os partidos."

O PT vai procurar entendimento com outros partidos de esquerda e também com o PSDB e o DEM, com os quais tem "identidade em vários pontos", segundo o próprio Costa. Já há conversas com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que pretende apresentar uma proposta alternativa - metade dos candidatos seriam eleitos pelo voto majoritário e metade, pela lista. O PT é simpático à ideia e pode apoiá-la, se houver risco de aprovação da tese de Sarney, Temer e Dornelles (o distritão puro).

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