Espaço de debate, crônica crítica do cotidiano político paraense e de afirmação dos pressupostos de construção de um Pará e Brasil Democrático e Socialista!

Editor: José Trindade



sábado, 24 de dezembro de 2011

Pendências


Por Zé Lins

Nos últimos  dias (dez ou cem) estive muito ocupado, seja vivendo, estudando ou me ocultando. Nestes quase minutos finais desse ano de critica global dedico a vocês meus penúltimos atos de criatividade. É pouco, eu sei, mas a tenham como beijos em seus olhares. Minhas pendências são muitas, porém as quero dividir com vocês!


Era novembro, mês tardio
cheio de atropelos e muito por fazer.
Era dezembro, de incontáveis desfazeres.
Nas últimas peças dos dias passados,
olhei de longe o formidável sufoco
dos últimos meses.

Nas badaladas dos últimos instantes
do tempo consentido,
nas agruras dos últimos toques
da canção contida,
conforme o sucesso da última hora,
conforme o apontar do nervo exposto.


Sem duplicata, nem clone,
sem coerência, nem espanto
somente o incêndio.

E das formas das letras resta o som,
soar com s de espanto,
ancorar na naus estirada
assobiar a música refeita,
colar com esmalte de amante.

Com fins sem efeitos,
Para ti.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Política e Sociedade: Arte Maior


Por Zé Lins

Ao acessar o vídeo em que Lula conclama a juventude a fazer política, me pus algumas reflexões, as quais socializo, assim como busco indagar contra algumas obviedades colocadas no dia-a-dia brasileiro para entender porquê é assim.





Primeiramente cabe a observação da defesa da política. Bertold Brecht em conhecido poema (Brecht)  sabe do que fala, e isso sem remoer angústias ou se impor arrogante:

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."

A política são muitos atos de discordância e muitos de aceitação, mas todos de encantamento pelo futuro e pela “impossível mudança”.

Não sei quando, talvez desde sempre, a “política” passou a ser tratada em nossas terras como algo mesquinho e pequeno. Desde muito, ao que nosso olhos enxergam se impôs uma cultura nacional desalentadora da política e dos políticos. Machado (Bosi), o gigante, ao lamentar o suicídio de Raul Pompéia (pretensamente por motivações políticas, INCRIVEL!!!), proclama:

"A política, é certo, veio ao seu caminho para lhe dar aquele rijo abraço que faz do descuidado transeunte ou do adventício namorado um amante perpétuo. A figura é manca; não diz esta outra parte da verdade, – que Raul Pompéia não seguiu a política por sedução de um partido, mas por força de uma situação. Como a situação ia com o sentimento e o temperamento do homem, achou-se ele partidário exaltado e sincero com as ilusões todas, – das quais se deve perder a metade para fazer a viagem mais leve, – com as ilusões e os nervos".

Mesmo nosso mais fantástico romancista abjurava em parte a política, submetendo o racionalismo necessário à razão da decisão sentimental, algo como achar que coração e cérebro jamais se encontrarão.

A política enquanto forma formidável de expressão humana parece ser uma estripulia sentimental nesses arcos dos trópicos, uma grande pena! Reencontrar o realce da cultura política com o melhor do viver cotidiano parece ser a tarefa de todos nós. A política é tão importante que não pode ser deixada na mão dos políticos, assim como a guerra é tão destrutiva que não pode ser entregue às mãos dos militares.

Tem razão Lula: cabe a juventude, cabe a sociedade, cabe ao cotidiano, fazer e se encantar com a política. Essa é a política maiúscula e necessária ao melhor viver.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Últimas Notas sobre Federalismo, Déficit e Estado antes do Plebiscito


Quase encerrado a atual contenda política no Pará cabe algumas reflexões e uma necessária ponderação sobre o futuro, coisa que muitos têm feito sob a forma condescendente do “não seremos mais os mesmos...” e outras pérolas.

Comodamente a maior parte dos ditos formadores ou formuladores de opinião ficaram quietos, talvez soubessem ou percebessem que o projeto mal formulado da divisão e os interesses de uma elite “belenense” que, desde sempre, vive estabelecida sobre o rentismo do Estado, prevaleceria na Região Metropolitana de Belém e, portanto, imporia seu regramento aos demais.

Óbvio que formas diversas de dogmatismos também seriam muito fáceis de serem tratados sob o manto do “ligado ou desligado”, “sim ou não”, “Payssandu ou Remo”, e outras formas a serem exploradas por aqueles que acham que o mundo é linear ou plano.

Algumas criticas procedentes referiam-se ao projeto mal formulado de espaços territoriais ou de ausência de proposições administrativas, muito bem!

Vejam vocês, o pretenso “trabalho científico” feito pelo Ipea nada mais foi que uma peça requintada de neoliberalismo: tudo se explica pelo “custeio” e pelos limites “deficitários” dos novos estados.

A linha de déficit pode ser definida em conformidade a quatro aspectos:

 i) Podem-se utilizar critérios “abaixo ou acima da linha”, ou seja, a depender das entradas de receitas ou saídas de despesas e, ainda, pela variação da dívida pública. Com base nesses aspectos, a depender de como se façam as medidas, estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso são e serão deficitários;

 ii) Caso se considere o ajuste patrimonial ou não, ou seja, pode-se considerar a divida liquida do setor público (DLSP) considerando ou não as variações, ganhos ou perdas patrimoniais do governo. Assim, caso se considere certas participações patrimoniais pode-se ter ou não um ente (Município, Estado ou União) deficitário;

 iii) Caso se considere “déficit nominal”, ou seja, “gastos totais subtraídos das receitas totais”  ou “déficit primário”, ou seja, que considera somente gastos e receitas “não financeiras”;

 iv) Caso se considere “déficit operacional”, ou seja, subtraindo-se os juros da divida pública ou “déficit de pleno emprego”, com suposições de operação de capacidade produtiva plena da economia, ou seja, com baixo desemprego médio.

Para que tanto “economês” vocês devem estar se indagando. Pois é, quero mostrar que a velha máxima da “tortura dos números” também é verdadeira para definições tão amplas e vazias ou neoliberais quanto as de que o “Estado X já nasce deficitário”.

Bem, talvez agora caiba somente à necessária critica ao Ipea e ao Idesp: argumentações neoliberais são, no mínimo, fora de época no atual cenário de crise do capitalismo.

Defender uma posição com base no argumento de não existência ou não intervenção do Estado, ausência de políticas públicas porque elas aumentam o custeio, parece ser um contrassenso ou, talvez, uma afirmação ideológica que “não nos serve mais”, como o refrão de uma antiga música do Belchior bem expressava.  

Curiosamente saímos do atual debate mais pobre que entramos, e não por termos dividido ou mantido o Pará unido. O debate central de políticas de desenvolvimento, de limites federativos, capacidade de interlocução com a União e outras unidades federativas, nada disso foi tratado ou pior foi subjugado pela noção de o “futuro a Deus pertence” e que o agora nos basta à mera e pouco inteligente disputa entre o “ligar e o desligar” de uma falsa regionalidade.

As elites ou classes dominantes locais continuarão sua eterna busca pela apropriação rentista do Estado, não cabendo o debate sobre que espaço nacional quer ocupar ou que sociedade estadual quer criar.

Até quando?!!!!


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

...E a ALPA virou mais um alpiste tucano...



Aqui jaz mais um projeto!

Em 19 de agosto passado publicamos o texto abaixo. Somente agora, em dezembro, a população paraense recebe a versão oficial da Companhia Vale e os "não sei de nada" do atual desgoverno paraense.

A imprensa local prefere tripudiar da inteligência popular, defender a Companhia Vale e o arremedo  de governo, ao invés de cobrar uma posição dos referidos agentes privado e público.





Segue o texto publicado originalmente em 19/08/2011.

O quadro do atual Pará é o seguinte: o governo Jatene permanece na letargia natural e no denuncismo para garantir por “WO” seu segundo mandato antecipado; na Alepa, por seu turno, a incapacidade de debate dos temas importantes ao Pará “unificado ou não” ficam congelados pela apuração diária da corrupção e, por outro, os senhores do poder econômico  paraense ficam retidos em suas pequenas paróquias.


Enquanto isso as decisões mais importantes vão sendo tomadas a revelia desses atores locais e mesmo conquistas que foram conseguidas as duras penas nos últimos anos são objeto de questionamentos e, caso não se coloque a barba de molho e se privilegie, de fato, os ditos interesses estaduais, o Pará “unificado ou dividido” ficará novamente a ver navios.

Vocês devem estar se indagando do que se trata, vamos aos fatos.

Em meados de julho os dirigentes do Instituto Aço Brasil (IABr), entre os quais o empresário Jorge Gerdau, estiveram reunindo com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Sr. Luciano Coutinho, o assunto eram os “estímulos do Planalto à Vale para montar siderúrgicas no país. Esses projetos são vistos com viés político e sem bases mercadológicas e econômicas (rentabilidade do capital investido)” (Valor Econômico, 22, 23 e 24/07/2011, pg. B8).

Para bom entendedor um segundo basta diz o ditado popular. O referido IABr ressalta no jornal Valor Econômico ainda outro aspecto: “os projetos ALPA (Aços Laminados do Pará)  e CSU (ambos da Companhia Vale), ainda não contam, até o momento, com sócios definidos” (Valor, 22/07, pg. B8), o que segundo o referido Instituto seria a prova de um movimento “somente de pressão política” para construção das referidas indústrias.

Alertamos aqui que a luta travada para verticalizar o processo produtivo do ferro no Pará (unido ou quebrado, não interessa), um dos frutos da luta travada pelos governos do PT (Lula e Ana Júlia), está ameaçado. Jatene e companhia são inaptos para negociar ou bater de frente com a poderosa Vale, por outro o governo Dilma enfrenta outras disputas distintas do governo Lula.

O PD13 se posiciona pela necessária pressão do PT estadual e de todas as lideranças estaduais pela construção imediata da ALPA, sabendo, como aqui já expomos, que o enorme peso do Pará na balança comercial brasileira, via exportação de ferro, é algo limitado no tempo e no espaço, necessitamos construir uma nova base industrial e a ALPA cumpre papel relevante para isso.

Porém, infelizmente novamente se poderá contemplar o “Pará ou Carajás do que pensou ter”, ou o “Pará ou Carajás do chupando o dedo”, a ALPA será um mero buraco no projeto de Distrito Industrial erguido em Marabá, e novamente podemos perder.

Ao tucanato nada importa, vivem do curto prazo e dos voos curtos, mas a nós paraenses partidos ou inteiros interessa o futuro e é fundamental exigir e pressionar pela construção da Alpa.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Márcio Pochmann no IV Seminário Amazônias

O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) será o palestrante de abertura do IV Seminário Internacional Amazônias em Belém nesta quarta-feira (07/12). 



O Seminário Amazônias é agenda permanente do Programa de Pós-Graduação em Economia, vinculado ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará. 





Pochmann fará a conferência de abertura tratando do tema "Desenvolvimento e Equidade Regional". 

A conferência do professor Pochmann se iniciará às 19hs no Auditório José Vicente Filho no Setorial Profissional do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ). Seguem a programação restante do Seminário Amazônias, assim como da Semana Acadêmica do ICSA.