Por Zé Lins
Ao acessar o vídeo em que Lula
conclama a juventude a fazer política, me pus algumas reflexões, as quais
socializo, assim como busco indagar contra algumas obviedades colocadas no dia-a-dia brasileiro para entender porquê é assim.
Primeiramente cabe a observação
da defesa da política. Bertold Brecht em conhecido poema (Brecht) sabe do que fala, e isso sem remoer angústias
ou se impor arrogante:
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."
A política são muitos atos de discordância e muitos
de aceitação, mas todos de encantamento pelo futuro e pela “impossível mudança”.
Não sei quando, talvez desde sempre, a “política”
passou a ser tratada em nossas terras como algo mesquinho e pequeno. Desde muito,
ao que nosso olhos enxergam se impôs uma cultura nacional desalentadora da
política e dos políticos. Machado (Bosi), o gigante, ao lamentar o suicídio de Raul
Pompéia (pretensamente por motivações políticas, INCRIVEL!!!), proclama:
"A política, é certo, veio ao seu caminho para lhe dar aquele rijo abraço que faz do descuidado transeunte ou do adventício namorado um amante perpétuo. A figura é manca; não diz esta outra parte da verdade, – que Raul Pompéia não seguiu a política por sedução de um partido, mas por força de uma situação. Como a situação ia com o sentimento e o temperamento do homem, achou-se ele partidário exaltado e sincero com as ilusões todas, – das quais se deve perder a metade para fazer a viagem mais leve, – com as ilusões e os nervos".
Mesmo nosso mais fantástico romancista abjurava em
parte a política, submetendo o racionalismo necessário à razão da decisão
sentimental, algo como achar que coração e cérebro jamais se encontrarão.
A política enquanto forma formidável de expressão
humana parece ser uma estripulia sentimental nesses arcos dos trópicos, uma
grande pena! Reencontrar o realce da cultura política com o melhor do viver
cotidiano parece ser a tarefa de todos nós. A política é tão importante que não
pode ser deixada na mão dos políticos, assim como a guerra é tão destrutiva que
não pode ser entregue às mãos dos militares.
Tem razão Lula: cabe a juventude, cabe a sociedade,
cabe ao cotidiano, fazer e se encantar com a política. Essa é a política
maiúscula e necessária ao melhor viver.
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