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Editor: José Trindade



terça-feira, 22 de março de 2011

Dois Filmes e Uma Leitura da Falsa Moral Americana

Por José Trindade

Dois filmes que concorreram ao Oscar 2011 surpreenderam a muitos críticos do convencionalismo e conservadorismo Hollywoodiano: “Rede Social” e “Trabalho Interno”, são obras que tratam, desde formatos e perspectivas distintas de um tema sempre recorrente nos debates sobre a sociedade estadunidense: a visão moralista que a mesma constrói de si mesma, ocultando sua característica arrogância egoística.

“Trabalho interno” foi o documentário premiado na categoria e mostra que a recente crise poderia ser melhor controlada se os “homens de Wall Street” não estivessem a frente das principais instituições de comando do país. Desde muito diversos cineastas além do diretor Charles Ferguson, melhor exemplo é Michel Moore(“Tiros em Columbine” e “Fahrenheit 11 de setembro”), alertam quanto a permissividade entre poder político e poder econômico, especificamente as rédeas soltas dos interesses especulativos e ganhos fáceis em Wall Street.

No filme, o diretor Ferguson descreve em detalhes, mediante depoimentos surpreendentes de políticos, executivos e economistas, como a trama de interesses produz ou reforça a lógica especulativa. Como é possível visualizar no documentário, em lugar de regulamentação e políticas de controle social, o que se observa é a despregada alavancagem financeira e um modus-operandi conhecidos no Brasil: as relações de compadrio na proteção de interesses particulares e a justificativa teórica por parte dos pares das Universidades.

É assim que o diretor envolve em uma única trama os três tentáculos das relações de poder estadunidense: os executivos (CEO's) das maiores empresas e grupos, o tentáculo do poder político, representado nas ações e ilações de Greespan, presidente do FED (Banco Central Americano), sucedido por bem Bernanke; o o Secretario do Tesouro, ada atual gestão Obama, Tim Geithner, e outros nomes conhecidos e ambíguos como Lawrence Summers, por exemplo. Esse último nome, aliás, representa bem o terceiro tentáculo e seu contorcionismo: o mundo das idéias, especialmente representada nos centros de formação econômica mais representativos, responsáveis por formarem boa parte das elites estadunidenses. Summers, por exemplo, foi presidente da Harvard.

Por tudo isso é de bom tom e excelente opção de “diversão critica” assisti esse literal “Trabalho Interno”.

“Rede Social” constitui, de fato, uma importante critica de costumes, o filme baseia-se no livro de Mezrich, que conta a trajetória tumultuada de Mark Zuckerberg, ex-aluno de Harvard criador do Facebook.

As relações aqui envolvidas são de intriga e conspiração próprias da construção do mundo virtual e das “big apples” e dos impactos que as novas tecnologias de relação social (as redes sociais) produzem no nosso modo de viver de agir.

O debate das condições ufanistas de obtenção de fama e ganhos expressivos em curto prazo são ingredientes presentes nessas duas obras, o condicionante de controle social também parece ser aspecto necessário ao debate quanto aos dois objetos de análise envolvidos nas tramas: o regramento sobre o mundo do capital especulativo e o empoderamento das relações sociais do nosso cotidiano sobre o virtualismo de um mundo de que se desmancha sobre si.

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