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Editor: José Trindade



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PROJETO ALVORADA (IV): JORNAIS MOSTRAM DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO NO GOVERNO JATENE

Abaixo, matéria publicada em jornal denuncia o descaso do governo anterior para com o povo paraense. A matéria é continuação de artigo já publicado aqui, o Projeto Alvorada (III).


Belém - PA, 10/04/2006.

Desvio de dinheiro público agrava a miséria no Pará

Drama em Abaeté
Mas a miséria e a dor não estão presentes apenas em Bragança. Em outro município paraense, Abaetetuba o drama se repete. Por exemplo, na casa de dona Benedita Ferreira Cardoso, de 39 anos. Mãe de três filhos, Benedita mora bem em cima de um charco. E é essa água parada e imunda que utiliza, para as necessidades cotidianas. “Tem tudo que é bicho: é rato, cobra. Até a água do sanitário vem tudo pra aí” - comenta. Na água, podem ser vistos, também, caracóis. E à noite, devido ao líquido acumulado, aparecem carapanãs. Aos montes. “Isso tudo provoca muita coceira”, observa, apontando a filha pequena, com a pele toda manchada. A garota não pára de se coçar. E também tem febre e dores de cabeça.

Não muito distante dali, dona Carmosa de Souza Correia, de 72 anos, relata: “Aqui, quando chove, inunda tudo. As crianças vivem doentes. Dá coceira, diarréia, nascida, que elas (as crianças) ficam que não tem nem onde tocar. É uma água imunda, mesmo”. Também em Abaetetuba, mas no bairro de São João, mães e avós se angustiam, e muito, com o estado de saúde das crianças. Uma delas, Samira, neta de dona Zulmira Dias de Souza, agonia só de olhar. A garota, de quatro anos, tem o corpo tomado por erupções, que deixam na pele um aspecto grosso. E feridas, na cabeça, mãos e pés. “As crianças aqui adoecem muito por causa da água. É uma água preta, preta, que parece lama. Faz mal mesmo”, observa dona Zulmira.

Um pouco adiante, em outro barraco, Maria da Conceição também reclama da água. Há dois meses, uma de suas filhas, Sara, de dois anos, teve de ser internada no hospital Santa Rosa, em Abaetetuba, devido aos vômitos e à forte diarréia. “A barriga dela tá muito inchada e a doutora falou que ela tá fora do peso. Todo tempo tá com diarréia”, comenta. Devido à febre, a garotinha anda abatida. Tudo porque, diz Maria, a água não presta: “é amarela e tem cheiro ruim”. Mas é esse tipo de água insalubre, oriunda de poços, de charcos, de uma rede de distribuição sofrível, e até da chuva que milhões de paraenses são obrigados a usar, todo santo dia. Uma água que ameaça não apenas o presente, mas até o futuro, de milhões de crianças indefesas. Uma situação que poderia ser bem diferente, se o Alvorada tivesse saído do papel.


Em cada mil nascidas, 27 crianças morrem no estado

Indicador que revela, como poucos, as reais condições de vida de um povo, a mortalidade infantil é alta no Pará: aqui, morrem, antes de completar um ano, 27,28 crianças, em cada grupo de mil nascidas vivas.

Com esse número o nosso estado fica em quarto lugar na Região Norte. O Amapá é o estado que tem menor índice de mortalidade infantil, seguido dos estados de Roraima, Rondônia, Pará, Amazonas, Tocantins e o Acre, em último lugar. A média nacional é de 25,6 por mil. Pior: a mortalidade infantil é especialmente grave nos municípios que deveriam receber as obras do projeto Alvorada, entre eles Bragança e Abaetetuba, que apresentam baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ou seja, são locais onde as populações não têm acesso a direitos básicos de Cidadania, como é o caso da saúde e da educação.

Fonte: Diário do Pará de 10/04/2006.

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