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Editor: José Trindade



domingo, 17 de abril de 2011

Pobreza, Desenvolvimento e Políticas Públicas: As diferenças entre o PT e os Tucanos

Na última quinta-feira (14/04) o Idesp divulgou números referentes a indicadores sociais, inclusive pobreza, no estado do Pará. Vamos desenvolver breve análise sobre os números e fazer a necessária comparação entre políticas de governo, considerando uma série histórica maior que aquela divulgada pelo Idesp.

O quadro apresentado e divulgado no endereço do Serviço de Informação do Estado (SIE) apresenta somente os dados de 2006/2009, seja de forma proposital, ou não, os técnicos do Idesp foram orientados a não revelar dados mais amplos e que possibilitam a tela de comparação com o primeiro governo Jatene. Do mesmo modo, pelo mesmo motivo, a orientação política foi no sentido de analisar 2009 como ano típico, o que todos, mesmo o mundo mineral, sabem que não foi, tanto assim que os dados referentes a emprego refletem o ano de crise, que somente não foi mais grave pelas políticas estaduais e federais implementadas.

Podemos fazer um recorte mais amplo e observar e analisar como os números da pobreza evoluem para o Pará em um período de quatorze anos (1995/2009), sendo que esse ciclo mais longo nos permite retirar deduções mais condizentes com a real evolução dos indicadores de pobreza.

Antes, vale observar, que a pobreza é claramente um problema transversal, ou seja, diversas políticas públicas devem agir afim de que possamos superá-la: ações de transferência de renda, como os programas Bolsa Família (governo federal) e Bolsa Trabalho (governo estadual), convergem com políticas educacionais e de desenvolvimento econômico para construção de uma trajetória permanente de elevação da renda média da sociedade e inclusão social e econômica.

A tabela abaixo ressalta que quando  Jatene assumiu seu primeiro governo em 2002, o número de paraenses abaixo da linha de pobreza era de  2.109.407, ao deixar o governo em 2006, o número de paraenses na pobreza  tinha se elevado para 2.846.062 pobres, aumentando em 35% o número de pobres, ou 737 mil pessoas  passaram a viver na pobreza. 


Deve-se ressaltar que somente entre os anos de 2003 para 2004, o número de paraenses na pobreza  subiu de 2.234.251 para 3.270.370, ou seja, uma variação absoluta de 1.036.119 pessoas, ou em termos relativos, uma elevação de 46,37%. Convém ressaltar que naquele ano não houve crise, porém a ausência de políticas públicas provocou aquele infeliz quadro.

Quando Ana Júlia recebeu o governo em 2007, eram 2.725.845 paraenses abaixo da linha de pobreza e, segundo os dados do IPEADATA (base PNAD), são hoje 2.631.946, representando uma redução de 7,5 % em relação a 2006 e 3,57% em relação a 2007, o que significou que 214 mil paraenses saíram da pobreza, apesar da crise de 2009 e seus enormes impactos não somente no Pará como no mundo inteiro.

Os resultados (atípicos) da pobreza em 2009 podem ser explicados basicamente pelo mau momento que passou a economia internacional nesse ano, e que impactou também a economia paraense, sobretudo na geração de empregos. Em 2009 foram gerados 7.380 novos postos de trabalho, quantidade menor que em 2008.

Ressalta-se que em 2010 o quadro melhorou, tanto que a economia paraense gerou mais de 54 mil novos postos de trabalho, o que significa que presenciaremos resultados muito positivos quando das estatísticas do ano de 2010.

Vale também ressaltar que o nível de pobreza observado em 2008 foi o menor de toda a série de pobreza para o Pará. Isso merece ser frisado. Enfatiza-se também que os bons resultados foram frutos de uma busca conjunta do governo estadual com o governo federal no período 2007-2010.

No gráfico ilustrativo abaixo é possível visualizar que a taxa de pobreza da série de quatorze anos (1995/2009) alcançou seu menor ponto no ano de 2008, ano no qual as políticas públicas dos governos estadual e federal, ambos do PT, estavam em pleno funcionamento e não havia, ainda, sinais da crise internacional de 2009.



Quando fecharmos os dados sobre pobreza para todo o período 2006-2010, o que veremos é um quadro bastante positivo que, mesmo com o ano atípico de 2009, significou uma melhoria para a população paraense, principalmente quando comparado com períodos anteriores.

Sabemos que estamos longe de chegarmos a um cenário satisfatório para os paraenses, mas as conquistas dos últimos anos foram significativas o suficiente para nos dar a energia de continuar buscando e cobrando por melhorias, por um crescimento econômico responsável, sustentável e que preze pela busca de uma maior equidade social.

Nos parece que as condições de desenvolvimento e as políticas públicas de transferência de renda estabelecidas pelo programa democrático popular do PT ainda não foi colocado a prova. Provavelmente as políticas vinculadas a expansão econômica arrojadas, tais como a atração e fixação do maior empreendimento produtivo privado no Pará para os próximos dez anos, a construção da “Aços Laminados do Pará (ALPA)”, fruto da pressão, que levou inclusive, a defenestração de Agnelli da presidência da Companhia Vale, aliado as políticas, também arrojadas de Parques Tecnológicos e a transferência de renda via Bolsa Trabalho e do governo federal o Bolsa Família, continuaram a definir o futuro do Pará pelas próximas décadas, contanto que a sina e sanha tucana não seja pelo descalabro e pela incapacidade de governar considerando esse novo Pará que emergiu em 2007.

7 comentários:

  1. Se pelo menos 10% da habilidade tucana em usar dados de forma maliciosa (para não dizer muito!) fosse convertido em real preocupação com nosso estado, certamente o Pará seguiria bons rumos.
    A manipulação das informações visando enganar a população é uma triste realidade que parece ser genética ao PSDB. Triste constatação.
    Se eles não perceberam, o eleitor (e a sociedade como um todo) está com os olhos mais abertos.

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  2. Os números expõem de forma clara o quanto as diferenças entre o "gradualismo" petista e o "neoliberalismo" tucano são distintos e provocam, em determinado prazo conseqüências distintas!

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  3. Prezado Poster,

    o Mapa de Exclusão Social é uma exigência legal e se atem basicamente às comparações que a lei exige.

    Os dados que acompanharam o Mapa de Exclusão deste ano (2010) obrigatoriamente referem-se aos anos de 2009 e 2008. Apenas algumas informações ali contidas dizem respeito a anos anteriores.

    A equipe do IDESP está integrada e empenhada na discussão e formulação de indicadores sociais que possam , ao invés de apenas servir ao aparente propósito da lei de medir "eficiência dos governos" , atender a objetivo muito mais amplo: avaliar as políticas públicas e dar à sociedade instrumentos para tal.

    Faço muitos reparos ao seu texto, mas um é urgente. Ao expressar sua opinião " ...seja de forma proposital, ou não, os técnicos do Idesp foram orientados a não revelar dados mais amplos..." isso revela que o hábito do cachimbo entortou-lhe a boca.

    À equipe do IDESP não é imposto agradar governos de plantão. Parece que esta prática teve amplo sucesso na gestão passada, culminando com a lamentável saída do Professor Peter Toledo.

    A equipe técnica do IDESP tem superado as limitações de uma gestão medíocre que não a envolvia nas discussões e demonstra ser capaz de muito mais do que lhe foi proposto anteriormente. A equipe merece respeito.

    Quanto aos números, conteste-os, caso sejam inverídicos. O site do IDESP continua à sua disposição.


    PS: quanto à defenestração de Agnelli e os nada claros interesses da PREVI e da Norte Engenharia - OH! Belo Monte! – isto impõe análises melhores, a médio prazo. E então se verá o que o Pará teve a ganhar.

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  4. Prezada Comentarista, se a senhora se de o cuidado de verificar o referido "Mapa de Exclusão Social" referente a 2009, poderá notar que os cuidados estabelecidos tinham haver com tempo e formato de divulgação.
    Não considero que o debate seja de menos e, muito menos, que a necessária conversação com as equipes que elaboram os documentos não seja algo muito bem feito na sua gestão.
    Vale lembrar que os diversos interesses não muito claros envolvidos em coisas como Cerpasa, Privatização da Celpa ou da Cia Vale, me parece que são coisas distantes do que de fato nos interessa, qual seja, conferir o quanto as políticas públicas do PT são mais efetivas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da nossa população. De resto concordo que o "o hábito do cachimbo deixa a boca torta", com sua experiência vossa senhoria deve bem falar.

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  5. Comentários de natureza técnica:
    No comentário de Adelina diz que "obrigatoriamente referem-se aos anos de 2009 e 2008". Bem, não é o que se tem na indústria nem no comércio (há mais dados de 2010 e nada de 2008).
    Em outra passagem: "Faço muitos reparos ao seu texto, mas um é urgente". E aí vem comentários de natureza puramente política. Nós que acompanhamos o mundo da blogosfera, gostaríamos que o Instituto contestasse os números, ou melhor, que os interpretasse não no ponto, mas em um período longo. Dizer, por exemplo, que a pobreza aumentou em 2009 sem observar uma série de dados não diz muita coisa.
    Fica a provocação: por acaso o que foi apresentado nesse blog não condiz com a realidade?
    Um pouco mais de provocação (que vale para qualquer governo): por que as políticas sociais foram mais bem sucedidas no governo 2007-2010? Respondendo essa, ambos os lados poderão buscar por aprimoramento de suas políticas.

    Abraço a todos.
    A. Reis.

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  6. Prezado A. Reis, os números são do IBGE, mais propriamente da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD), retirados do banco de dados do Ipeadata, nada foi "inventado" ou que não seja confirmado nas fontes que acabamos de citar.

    Os números mostram, claramente, que os anos nos quais o "Chefe" da Sra Adelina Braglia governou pela primeira vez nosso estado do Pará os números, indicadores absolutos e taxas referentes a pobreza, explodiram, confira na tabela postada os números referentes aos anos de 2003 e 2004. Não estamos criando nada, estamos simplesmente mostrando "números inúmeros", como aliás ao feitio do atual Chefe do Executivo paraense, lembre-se das eleições e do "pito" que o mesmo recebeu do candidato do PSOL por ter chamado aquele de "desconhecedor" de números.

    Quanto a segunda questão posta, o tempo mostrará, como aliás o saldo de empregos no ano de 2010 já mostrou (ver dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho)que foi o maior em dez anos, ficando o saldo em 54 mil postos de trabalho, novamente não estamos criando dado nenhum.

    Consideramos que o debate de idéias e a exposição "dos fatos" deva se realizar. Neste sentido nada nos impede de utilizarmos as armas das palavras e das novas tecnologias disponíveis para poder expor idéias e fatos.

    Uma última observação: nosso espaço é aberto, contanto que se identifique. Deste modo nossas cordiais felicitações a atual presidenta do Idesp.

    Atenciosamente,

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  7. Sou de conhecimento dos dados apresentados neste blog e já os havia confirmado na referida fonte (Ipeadata).

    A indagação "por acaso o que foi apresentado nesse blog não condiz com a realidade?" foi endereçada ao Instituto que forneceu estudo sobre o Pará.

    Lembro que este blog tratou do assunto durante o período eleitoral, quando o hoje governador tentava ludibriar os eleitores com a habilidade tucana de sempre.

    Continuar o debate é uma maneira de propor políticas e fiscalizar o atual governo que não tem bom histórico no cuidado com o social em nosso estado (e vale pro cenário nacional também).

    Cordialmente,
    A. Reis.

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