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Editor: José Trindade



terça-feira, 19 de abril de 2011

CONTROLE DE CAPITAIS


A expressão voltou a frequentar o noticiário econômico internacional nos últimos meses. Não é por acaso. Os efeitos da crise financeira e econômica de 2008 ainda se propagam pelo planeta. Um deles manifesta-se sob a forma do aumento dos fluxos de capitais para economias de países em desenvolvimento. É o caso do Brasil, por exemplo, que neste momento pratica uma política de juros que tem grande atração sobre esse capital. Esse movimento é bom ou ruim para a economia brasileira? O novo especial da Carta Maior procura chamar a atenção para os riscos dessa situação e apresenta argumentos de economistas e pesquisadores do Brasil e de outros países defenden do a importância da adoção de mecanismos de controle de capitais para evitar as armadilhas dos fluxos de capitais especulativos.

O PD13 disponibiliza o conjunto de links que possibilita ao nosso visitante acessar os interessantes artigos que compõem o especial "Controle de Capitais" da Carta Maior.


O duplo choque ao qual estão sujeitos os países periféricos, após o desdobramento da crise de 2008, traz novos constrangimentos e não pode ser gerido tão somente com instrumentos macroeconômicos convencionais, sob pena de produzir graves crises nesses países. Por exemplo, a tentativa de reduzir o choque inflacionário decorrente do aumento de preços das commodities, por meio da política monetária, além de relativamente inócuo, exacerba a atração de novos capitais. Deixar a moeda nacional apreciar como resposta, compromete de modo significativo a competitividade das exportações de manufaturados. O artigo é de Ricardo Carneiro.

O Brasil não é uma ilha no mundo globalizado, ou seja, inflação e câmbio mantêm forte dependência da economia global. As elevações de preços de alimentos e commodities atingem todos os países e são componentes importantes da inflação. Existe, portanto, um risco real de inflação neste ano no Brasil, que pode aproximá-la de 6%. Quanto ao câmbio o Brasil tem contra si para valorizar o real a forte elevação da liquidez internacional e a alta taxa Selic que atraem esses capitais com elevados ganhos, sem riscos. O artigo é de Amir Khair.


Divagações sobre a moeda internacional e o movimento de capitais
Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo Estado, gestor em última instância do dinheiro - esse bem público objeto da cobiça privada – os senhores da finança tratam de restaurar as práticas de todos os tempos. Neste momento o mundo dança ao ritmo imposto pelo “dinheiro caçando rendimentos”. Os gestores do capital líquido saíram à caça das moedas (e ativos) dos emergentes e das commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise. O artigo é de Luiz Gonzaga Belluzzo.


"Está claro que o consenso de Washington já morreu"
Em entrevista ao jornal Página/12, o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, diz que está se abrindo um novo cenário para o debate da economia mundial. Alguns dos elementos desse debate, acrescenta, apareceram na reunião dos ministros do G-20 e na assembleia conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Entre eles, destaca-se o debate sobre a regulação de capitais especulativos e a adoção por parte dos Estados de políticas ativas para promover a inclusão social. "As principais potências do mundo estão assinando o atestado de óbito do Consenso de Washington", resume.


Será que o Brasil realmente precisa recorrer a um crédito externo que poderia ser criado no próprio país para cobrir os gastos internos? O que interessa ao Brasil é salvar sua economia do sobreendividamento, principalmente de dívidas com credores externos. Sua meta deveria ser evitar a arquitetura financeira que hoje exige a deflação da dívida nas economias do Norte. O objetivo do Brasil deveria ser evitar que credores estrangeiros capitalizem o superávit econômico brasileiro e o transformem em serviços da dívida e outros pagamentos, ou seja, que façam do país uma “economia de pedágio”. O artigo é de Michael Hudson.


Na visão da economista Leda Paulani, da USP, em conversa com Carta Maior, o Brasil materializou nos últimos anos um pedaço da sociedade prevista na Constituição Cidadã de 1988. Estavam delineados ali, no seu entender, alguns dos impulsos mais fortes à expansão do mercado interno, finalmente viabilizados nos últimos anos. No entanto, ressalta, "existe uma análise ortodoxa que acusa esse processo de conduzir a sociedade a um esgotamento de sua capacidade produtiva; como se a demanda avançasse além da oferta possível com o pleno emprego dos recursos e potencialidades disponíveis no sistema”. A terapia embutida nesse diagnóstico, critica, pode interromper esse processo.

A economista Maria da Conceição Tavares defendeu nesta sexta-feira, durante a Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo IPEA, em Brasília, que o Brasil deve proteger sua economia, reverter o processo de sobrevalorização do real e adotar mecanismos de controle de capital para evitar um ataque especulativo. Em sua fala, ela deixou algumas sugestões para o futuro governo Dilma: "Eu diria que a primeira preocupação agora é, sem dúvida nenhuma, com o setor externo. Se ele continuar assim vai haver degradação da indústria, déficit crescente da balança de pagamentos e uma fragilidade externa que na crise de 2008 nós não tivemos". O artigo é de Katarina Peixoto.


Manifesto de economistas defende controle de capital Documento assinado por dezenas de economistas dos EUA e de outros países, foi encaminhado a autoridades do governo norte-americano defendendo a adoção de mecanismos de controle de capitais especualtivos como instrumento para enfrentar a crise financeira. "Dada a severidade da crise financeira global e sua extensão, as nações precisarão de todas as ferramentas possíveis que estiverem ao seu alcance para evitar e mitigar a crise financeira", afirma o manifesto assinado, entre outros, por Joseph Stiglitz, James K. Galbraith e Ricardo Hausmann.

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