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Editor: José Trindade



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pará, Minério, Vale, Exportação e Poder

Os números da mega-multinacional brasileira Vale são sempre estonteantes, assim como surpreendente são as condições de expansão do mercado internacional de minério, especialmente do minério de ferro.

Unha e carne com os números da Vale são os números da balança comercial paraense. Como números falam muito mais do que palavras e os gráficos são ótimas figuras de linguagem, seguem algumas tabelas e gráficos coerentes com a nossa enorme dificuldade de conseguir ir além de meros exportadores de commodities ou coletadores de “frutos do sertão”.
                                   
       Exportação Paraense de Minério de Ferro (1996/2009)
Fonte: Mdic

Diga-se, de passagem, que corre no Planalto que um dos motivos da queda de Agnelli foi a discordância do mesmo em relação ao projeto de implantação da Alpa (Aços Laminados do Pará), bem na linha da elevada idiossincrasia tucana, que diz uma coisa e faz outra.

No ano de 2010, segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o minério, principal item das exportações brasileiras, gerou receita próxima a 31 bilhões de dólares, sendo que o ferro representou 94% dessa receita, ou seja, quase 29 bilhões de dólares.




Considerando os dados disponíveis nas tabelas anteriores e, principalmente, o Índice de Quantum (evolução proporcional preço e quantidade do produto exportado) [1] que cresce exponencialmente no período considerado, mesmo no ano de crise de 2009 a exportação paraense de minério de ferro cresce expressivamente, pode-se afirmar que nos últimos dez anos a participação estadual na exportação brasileira dessa commodity é superior a 30%, sendo a qualidade do minério de Carajás necessária ao mix do produto exportado pelo país. A conseqüência disso tudo é o crescente peso da exportação mineral paraense na balança comercial brasileira e, obviamente, a elevação dos ganhos da Vale em território paraura. 


[1] Calcula-se I = [(∑PnQ0)/(∑P0Q0)]

Um comentário:

  1. Os números acima nos possibilitam algumas deduções: i) A Vale ganha a cada três anos, somente com o que extrai e exporta do Pará de minério de ferro, o valor nominal do leilão de sua privatização, considerando uma margem baixa de 8% de lucro; ii) A valorização cambial não tem afetado os contratos da Vale, pois os mesmo são do tipo "take or pay" e firmados em conformidade com o maior comprador do momento, nesse caso os chineses; iii) a China, ao que parece, manterá o ritmo de compra mineral.
    Consequencia dos aspectos arrolados: i) a política cambial brasileira poderia fazer uso do IE (Imposto sobre Exportação) regulatório neste caso, seja para calibrar o volume cambial, seja para proporcionar recursos a um fundo de desenvolvimento a ser aplicado nesta região; ii) O debate de valores da aliquota e base de cálculo da CFEM é urgente e necessária.

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