Diego Viana | De São Paulo
A pergunta pode ser feita de três maneiras: estariam os desastres naturais mais frequentes, seja ou não por culpa do ser humano? Ou terá sido simplesmente o acesso à informação que se tornou mais eficiente? Ou ainda, será que o ser humano, empurrado pelo crescimento populacional, se expôs aos perigos da natureza, ao ocupar regiões suscetíveis a terremotos, vulcões, enchentes, queimadas, secas, ciclones etc.?
Não é impossível que a resposta correta para todas as perguntas seja positiva. "Quando penso nas nevascas de 2010 no Hemisfério Norte, os temporais no Brasil, as queimadas na Rússia, eu me pergunto: será que isso tudo acontece porque nós poluímos? Ou será algo em nível global? Não dá para saber ao certo com as informações que temos", disse ao Valor o sismólogo Afonso Lopes, do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG-USP).
A Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, mantém um Centro de Estudos de Epidemiologia de Desastres (Cred), que contabiliza anualmente os desastres naturais e seus estragos, tanto humanos quanto econômicos. De 1970 a 1982, o número de desastres identificados ficou entre 60 e 160. Em 1990, atingiu-se o pico de 278 desastres, superado apenas pelos 413 de 2000 e os 421 de 2002. O recorde foi atingido em 2005, com 432 eventos calamitosos. Em comparação, os 373 casos de 2010 parecem modestos, embora incluam o terremoto de 7,0 graus na escala Richter que atingiu o Haiti, matando 316 mil pessoas.
A diretora do Cred, Debarati Guha-Sapir, adverte que muito desse aumento é fruto de efeitos estatísticos. Os desastres naturais só passaram a chamar a atenção de pesquisadores a partir da década de 1970 - o Cred foi fundado em 1973. É normal que se detectem mais catástrofes quando alguém as procura e cataloga, como explica a própria Guha-Sapir. Na classificação do Cred, um evento é um desastre natural quando afeta diretamente ao menos cem pessoas, ou deixa um mínimo de dez mortes.
Confira na integra: Valor
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