Espaço de debate, crônica crítica do cotidiano político paraense e de afirmação dos pressupostos de construção de um Pará e Brasil Democrático e Socialista!

Editor: José Trindade



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Análise da Semana

A partir desta segunda-feira (04/04) faremos neste espaço análise da semana anterior, buscando evidenciar as principais questões postas nos cenários local, nacional e internacional. Enquanto síntese, não se aprofundará, porém se direcionará os fatos para links, que contribuam no acompanhamento e aprofundamento do assunto tratado.

No cenário internacional a principal questão continua sendo os movimentos de democratização e libertação no Oriente Médio, especialmente a intervenção de forças externas (coalizão imperialista coordenada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN) na Líbia.

Como analistas destacam existem “fissuras entre os países” que compõem as forças de intervenção na chamada zona de exclusão aérea na Líbia, sendo que não há apoio de diversos países que compõem o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), entre eles China e Rússia, mas também Brasil, Índia e Alemanha para que haja continuidade dos atos de beligerância. Mesmo sem confirmação, mas é muito plausível que os bombardeios aéreos tenham atingidos áreas civis, provocando mortes.

As motivações oficiais que levaram a Resolução 1.973 da ONU referiam-se a massacres perpetrados por Kaddafi contra as forças rebeldes e a intervenção teria o caráter de “intervenção humanitária”, porém o mesmo não se aplicou aos ditadores e monarcas de outros países, os casos mais emblemáticos são os do Iêmen e do Bahrein, nesses países os massacres têm ocorrido, inclusive com a ajuda de tropas e armas, aviões, helicópteros e barcos provenientes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e do Kuwait, com óbvia anuência estadunidense e das potências europeias envolvidas.

Por último, ainda há o caso dos massacres perpetrados por Israel contra as populações palestinas, que longe de ser outra questão, constitui parte da questão mais geral que são os interesses da acumulação de capital em torno das jazidas de petróleo e do controle sobre a oferta desse principal insumo energético.
Israel funciona como um Estado tampão, assim como outros, a exemplo da própria Arábia Saudita. As condições de coexistência entre essas diferentes nacionalidades somente será resolvida quando os interesses nacionais e de soberania sejam sobrepostos aos interesses das nações e capitalistas controladores da indústria petrolífera.

Considerando as motivações para adoção da Resolução 1.973 da ONU, também estariam sujeitos a “No-Fly Zone” (Zona de Exclusão Aérea) Israel, Iêmen e Bahrein.

Conferir: Carta Capital
              Carta Capital

Ao nível nacional dois importantes destaques: os problemas trabalhistas na construção das Usinas do Madeira (Jirau e Santo Antônio) e as declarações “estúpidas” do Deputado Bolsonaro.
As reivindicações de trabalhadores assentados naquelas duas obras demarcam importante ponto de inflexão, sejam pelos aspectos de concentração de quase 30 mil operários em áreas contíguas, seja pelas enormes pendências trabalhistas que somente nos últimos oitos anos se conseguiu avançar, seja pelo caráter acelerado e necessário daquelas obras, temos nos movimentos reais avanços no posicionamento da classe trabalhadora brasileira. Não há mais como a exploração assumir caráter vil e “sanguinário” sem que ações de massa se manifestem.

Vale observar o quanto o funcionamento das “Redes Sociais” influenciam nesses movimentos: a velocidade de propagação de informações e chamadas coletivas de manifestação agora é em muito superior, e aqui, tal como em outras partes do planeta, o domínio e acesso a essas tecnologias empurra as sociedades para um novo patamar de interação social e debate democrático.

O segundo fato está, no limite, inter-relacionado ao primeiro. A ação, quase que imediata, das “Redes”, sendo que o PD13 se posicionou no mesmo dia que o “Deputado” fez suas declarações, demonstra que a sociedade brasileira não admite mais desrespeitos públicos, e a democratização do acesso critico a informação parece ser algo que veiou para ficar. Nosso posicionamento já foi externado, faz-se imprescindível a cassação do mandato do referido parlamentar, por respeito à sociedade brasileira e a nossa história.

Conferir: Carta Maior

No nível local, a pobreza manifesta pela imprensa reforça nossa impressão que o domínio político e econômico da mídia por apenas duas famílias interfere de forma extrema no próprio desenvolvimento da sociedade paraense. Dois fatos são representativos do que pontuamos. A notícia que anuncia que o MST não fará ocupações no Pará quando deste “Abril Vermelho”, buscando impor a agenda de ação para o próprio movimento, a fim de em momento posterior dizer: “olha eles não têm palavra!”.

Essa mesma imprensa era a que nos últimos anos alimentava os interesses de conflitos e buscava criar clima de desordem. Vale mencionar, como aqui já analisamos que a construção de discurso de um “Pará agora ordeiro” possibilita a tranquilidade para um governo sem programa e agenda de ações.

Por falar em programa e agenda de ações a última notícia que julgamos fazer referência, é a entrevista do atual Secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, o Professor Alex Fiúza, a um dos dois jornalões locais. A entrevista vale mais pelo que não está dito, do que pelo que está dito.

De uma maneira geral a agenda “tecnológica” da SEDECT parece mantida, mesmo que com orçamento quase quatro vezes menor, considerando, inclusive, as captações de recursos já realizadas na gestão anterior.
O que não fica dito, ou fica nas entrelinhas, refere-se ao desmembramento do componente “desenvolvimento” da pasta, que passará a ser uma Secretaria de Ciência e Tecnologia. O que mais fica curioso é na própria chamada da entrevista o que aparece como desafio seria “conciliar empresários e cientistas”.

O esvaziamento da SEDECT e o estreitamento da pauta de desenvolvimento aos meros “incentivos fiscais”, bem ao gosto dos segmentos mais atrasados do empresariado local e, por outro, a contemporização com a percepção própria do tucanato de que o mercado tudo resolve, bastando a “cultura da interlocução”, infelizmente não faz jus ao potencial e capacidade do Professor Alex Fiúza.

Conferir: Diário do Pará

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