Do Valor
Juliana Ennes | Do Rio
04/05/2011
A pobreza no Brasil caiu com maior intensidade durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva do que no de Fernando Henrique Cardoso. Desde o começo do Plano Real, a pobreza caiu 31,9% durante a Era FHC. Já no período em que o ex-presidente Lula esteve à frente do país - oito anos encerrados em dezembro de 2010 -, houve queda de 50,64%. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a partir de resultados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010, o avanço na redução da pobreza no país foi de 16,3%, duas vezes o registrado no período entre 2002 e 2008, quando a queda foi de 8,2%. Ou seja, no acumulado desde o lançamento do Plano Real, que trouxe estabilidade econômica ao país, até o fim do ano passado, houve queda de 67,3% da pobreza. "Certamente não é uma década espetacular em termos de crescimento da renda do brasileiro, mas, ainda assim, houve redução da desigualdade", afirmou.
No ano de 2010, a renda média do brasileiro cresceu 2 pontos percentuais acima do PIB, ao avançar 9,6%, enquanto a alta do PIB foi de 7,5% no período. "Em termos de renda do brasileiro, foi um ano excepcional, de crescimento chinês", disse Neri. "Acho ousada a meta de erradicação de pobreza em cinco anos, mas já se cumpriu uma parte importante do caminho de reduzir em 50% a pobreza entre 1990 e 2015", acrescentou.
Como resultado da queda da pobreza, a desigualdade de renda atingiu no ano passado o menor nível histórico desde que começaram a ser realizados levantamentos de renda no Brasil, na década de 1960. De acordo com a compilação de dados de Neri, somente agora o país volta ao mesmo patamar registrado há 50 anos. A medição é realizada pelo índice de Gini, que varia de zero a um, em que a desigualdade é maior quando se chega mais perto de um. Em 2010, o índice ficou em 0,5304. Esse resultado foi considerado conservador pelo próprio autor da pesquisa, já que utiliza dados apenas de regiões metropolitanas, em um período em que as áreas rurais têm registrado avanço significativo.
A taxa acumulada de crescimento da renda na década passada foi de 10,03% para os 10% mais ricos, e de 67,93% para os 50% mais pobres. A taxa de crescimento dos 50% mais pobres foi 577% mais alta do que a dos 10% mais ricos.
A renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos devido a um efeito educação, explicou o pesquisador da FGV. Entre os 20% mais pobres, os anos de estudos cresceram 55,59%, com um avanço da renda de 49,52%. Já entre os 20% mais ricos, a escolaridade cresceu 8,12%, com aumento de 8,88% da renda.
A cegueira política ainda leva muita gente a afirmar que o Brasil não está apresentando melhorias substanciais.
ResponderExcluirÉ certo que muita coisa ainda precisa de solução. Longe estamos de um país mil maravilhas. Mas não resta dúvida que estamos melhorando.