O título deste texto poderia se chamar além do pomposo “Frankenstein Social”, algo do tipo “como fazer arranjos rápidos com a velha mídia”.
Comecemos a explorar o Frankenstein Social paraense, pelo recente caso da Santa Casa de Misericórdia. Os números de óbitos neonatais, ou seja, de crianças até 27 dias, e neonatal precoce (menos de sete dias de idade), tem sido tratado de forma bastante intensiva pela imprensa paraense nos últimos anos.
Passado o rancor eleitoral e com base nos “frios” dados estatísticos é possível construir um balanço mais reflexivo em relação a essa cruel problemática. A tabela que segue são dados da Secretaria de Saúde (Sespa) acessível a qualquer leigo e divulgam os números referentes a uma problemática que foi muito bem explorada pela tucanagem na última eleição e que, curiosamente, transformaram sua negatividade em ganhos.
Esse mesmo tucanato, agora vem a público com um grande ato de desfaçatez, culpam a própria mãe pelo fatídico e, com base em laudos discutíveis, constroem a melhor versão para o futuro uso nas campanhas eleitorais: “perícia constatou óbito intrauterino” (O Liberal, 25/08/2011), portanto não há caso de mortalidade neonatal, na medida em que nem sequer sentir o aprazível ar da cidade de Belém os quase futuros recém-nascidos conseguiram, portanto não farão parte das futuras estatísticas da saúde neonatal paraense.
Vale observar que as notícias referentes à mortalidade neonatal passam a tomar destaque no noticiário local a partir de 2008. Naquele ano o número de mortes neonatal atingiu 172 crianças no estado. Porém, ao observarmos a série histórica, a partir de 2005, encontramos em vários meses índice de mortalidade superior a 180 mortes neonatal mensal, ou seja, superior às 172 mortes de julho de 2008. Os meses de Maio/2005 (188 ocorrências) e Junho/2006 (189 ocorrências) são os meses de maior amplitude da série. Convém lembrar que em 2005 e 2006 Jatene já era governador do estado.
Aliás o que propositalmente nos vem a mente: se não fosse o tal do “JN no Ar”, dificilmente teríamos o alarde que foi gerado e ai novamente as benesses da imprensa local em relação aos dotes da tucanagem.
Voltando aos números, vale observar que a mortalidade neonatal (até 27 dias) reduziu 266 crianças de 2006 para 2009, equivalente a 13% a menos de crianças falecidas em relação a 2006. A média subiu do ano 2005 para o ano de 2006 em 5,5%, para em seguida decrescer de 172,2 mortes neonatal/mês naquele ano para 150 mortes/mês em 2009.
Ainda analisando os malfadados indicadores de mortalidade neonatal, convém observar que a partir de 2007 a mortalidade neonatal reduziu a cada ano, sendo que em nenhum mês dos anos de 2007 a 2009 observaram-se indicadores na mesma faixa dos dois anos anteriores, sendo que em 2009 temos 266 óbitos a menos que em 2006, equivalente a 13% de ocorrências a menos.
Como muita mazela parece pouco, vamos a segunda parte desse “Frankestein Social”: a eliminação física de lideranças sociais no campo. Vamos repetir o que já expomos algumas outras vezes nesse espaço: ainda na fervura da vitória eleitoral tucana, lideranças ruralistas no Pará afirmaram em bom som e sem meias palavras que “eles saíram vitoriosos” e chegaram mesmo a propor em um dos dois jornalões locais que o massacre de El Dourado tinha sido mera invenção do MST. Na época denunciamos o fato e alertamos para os riscos que estavam colocados para as principais lideranças campesinas do estado, conferir: Os ruralistas se assanham.
Temos mais um assassinato no campo, novamente em Marabá. Os fatos não são circunstanciais, relaciona-se a luta pelos direitos de produzir e viver, coisa que o tucanato prefere reduzir a fórmula “se apropriar e se apropriar”, obviamente os aliados ruralistas se comprometem a fazer o jogo sujo.
Bem, por último, e como o texto já está mais que pesado, o achincalho do “Frankestein Social” paraense é a Alepa, é o fecho de ouro para uma horrenda criatura que ao que parece tem o cérebro confiante de um inculto, as garras sanguinárias da UDN e a complacência valiosa de um passado que já foi, porém insiste em se manter.
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