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Editor: José Trindade



domingo, 21 de agosto de 2011

DIÁRIO DE UM MOCHILEIRO

Por Zé Lins

As crônicas que ora iniciamos se baseiam em um clássico pop da ficção científica: “O diário do Mochileiro das Galáxias”, obra hilariante e fantástica de Douglas Adams, escritor estadunidense falecido precocemente em 1992.

O “diário” é antes de tudo uma acomodação do nosso próprio eu. Antes da existência de “facebook”, “Orkut”, “twitter” etc., a velocidade da descrição dos fatos cotidianos teus, meus e nossos, eram mais lentos, porém mais circunstanciais. O que hoje a pressa da alto afirmação ou negação de inverdades ou meia-verdades, ou mesmo o prazer de descrever o libido realizado e a fantasia descortinada, se tornaram, face as novas técnicas de registro e divulgação, atos apressados e sem a nostalgia necessária.

O “diário de viagens” é algo mais extensivo, portanto anota e analisa e não somente descreve fatos e relatos. Iniciamos nossa primeira crônica com o verbete BR.

As BR’s

BR’s são siglas conhecidas de todos nós: nomeiam as inúmeras rodovias de trafego pesado que interligam estados brasileiros. Em geral somos conhecedores de algumas poucas BR’s, sabe-se lá porque o brasileiro viaja pouco: quando viaja é para migrar e em geral quando migra se estabelece e raramente irá sair ali do seu cantinho.


Bem, explicações claro que existem. Meu amigo Trinidade, que curiosamente tem a pretensão de sempre ser dialético e achar que há “três elementos explicativos”, provavelmente nos diria que “uma das explicações centrais para isso é a baixa renda média do brasileiro médio”, pois é, muita média e, principalmente, muita baixa média, mas deixa isso para lá!  

O que nos interessa aqui são as famosas BR’s, não por causa dos escândalos do DNIT, e sim porque não há  como falar em viajar sem pensar nessas "mal faladas" e "mal tratadas" vias de acesso a todos os recantos nacionais, herança daquela escolha, ao meu ver errada, da década de 50 de um Brasil automobilístico, coisa de um passado que talvez possa ser revisto, mas bem difícil!!!

As BR’s são inúmeras, vejam vocês que aqui no nosso “canto” tem a BR-316. Ela, por assim dizer, nos forma: é a entrada da cidade, se transforma na portentosa Avenida Almirante Barroso, num passe de mágica, e interliga Belém ao centro “Macunaíma”, através da Belém-Brasília.

Contra essa estória de “brasileiro médio que pouco viaja”, diga-se de passagem, que eu duvido, vou questionar essa coisa na prática. Nesses últimos anos, eu e alguns amigos resolvemos encarar as famigeradas BR’s: inicialmente indo para nosso coirmão Maranhão, pobre e dominado como nós, precisamente para a encantadora São Luís e a formidável Imperatriz, além da nossa, que também é deles BR-316, enfrentamos uma desconforme BR-226.

 No outro ano viajamos um pouco mais e novas BR’s foram sendo descortinadas: para Fortaleza, eis que a surpresa é a tonificante BR-222, dentro do Piauí, parece que o gestor do DNIT cuida pessoalmente da mesma. No Ceará, porém, a coisa fica braba: a BR-222 está mal cuidada, esburacada e sem sinalização, o que, com certeza, vai ser uma boa dificuldade para viajarmos e assistirmos os jogos da Copa de 2014 nas praia do Futuro, bem, que se ”defenestrem  os Teixeiras”.

Estamos agora planejando romper a barreira nordestina e viajar para a majestosa sede olímpica de 2016, a viagem até a “Cidade Maravilhosa” é empolgante, requer fibra e destinação e, mais do que tudo, enfrentar novas BR’s. Temos pela frente alguns anos importantes para pegar a mochila e percorrer o Brasil, o convite está feito: a melhor forma de mudar o Brasil é primeiro conhecendo as BR’s e, um pouco depois, conhecendo as TR’s, por que é necessário mudar o Mundo. 

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