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Editor: José Trindade



quarta-feira, 19 de junho de 2013

OCUPPY AS RUAS E A APRENDIZAGEM SOCIAL

Por Zé Lins

Nas manifestações de ruas pelo país a fora, houve-se inúmeras palavras de ordem, diversificadas e, ao que parece, somente palidamente uniformizadas em torno das lutas por transporte público digno e de qualidade. Tratar dessas manifestações com menos espanto ou algo que me pareceu de “beata santidade”: “que nunca tínhamos presenciado este nível de insatisfação popular”, parece ser a melhor postura a se tomar. Sendo assim vejamos um pouco de relato pessoal desse que vos fala.

Corriam os idos de 1987, aquele ano de ressaca da assim chamada “Nova República” tinha iniciado com grandes manifestações de rua, sendo que a pauta de reivindicação era muito parecida com a atual: educação, qualidade de vida, transporte digno. Naquela época momentaneamente ocupei a Vice-presidência da então aguerrida Comissão dos Bairros de Belém (CBB), sendo que a luta pelo transporte (linhas de ônibus e meia-passagem) era a base das reuniões entre a CBB, Centros Comunitários, Grêmios Estudantis, União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES) e Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Na época, bem distante da existência das redes sociais virtuais ou até mesmo do acesso a formas de comunicação de massa, a mobilização era na base do “mimeógrafo” e, pasmem, mimeógrafo a álcool. Boa parte do trabalho de convencimento social era no “boca-a-boca” e nas “panfletagens”, muitas das quais serviam não somente para convencer mais, também, como ninguém é de ferro, “cantar” as meninas.

O ano de 1987 foi marcado pela maior manifestação de rua que Belém presenciou na pós-ditadura militar, a Greve Geral de agosto daquele ano paralisou, por uma semana de confrontos e manifestações, todo o país. Em Belém, além das manifestações, buscamos organizar “ações radicalizadas” nos bairros. Vale aqui, neste breve release de memória, rememorar que juntamente com diversos companheiros, hoje a maior parte “barrigudos” e “assustados”, fabricamos “miguelitos” com o objetivo de “estourar” os pneus dos ônibus e pará-los, evitando sua circulação.

Bem, eu poderia continuar o relato, mas me interessa tratar do que considero mais importante: o movimento de rua enquanto aprendizagem social. De fato, não há mecanismo mais rico de aprendizagem e de construção de sociedades radicalmente democráticas que os movimentos reais de luta social e de manifestações de ruas.


Ressuscitando alguém que mete medo até a medula de tantos quantos “Jabors” existirem: “...há dias que valem por cem anos...” (Lênin). 

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