Por Zé Lins
O ano de 2000 já vai longe, sob muitos aspectos, tudo desde
aquele longínquo ano da virada do milênio parece desfeito, mudado os escarnado.
Naquele fatídico ano nada de mais ocorreu: as arruelas dos computadores
ianques, portugueses ou tupiniquins, permaneceram bem, somente corroídas pela obsessiva
necessidade de desuso imposto pelo CAPITAL, particularmente as empresas do
BILL, não aquele do “abaixa aqui e toma lá”, e sim o das “frenéticas janelinhas”.
Foi uma frustração total. Todos se recordam de que seria o tal
“apagão (bug) para cá e lá” e que nada. Aquele ano de glória transcorreu de
forma que o CAPITAL, essa entidade mítica e fantástica, que domina corações e
mentes das pobres almas humanas, se regozijou “TODO PODEROSO”. O grito em todo
o globo era “somos inigualáveis e está comprovado que a História Acabou”.
Ao fim e ao cabo daquele glorioso ano de esquecimento,
parece que de fato a humanidade ou a sua parcela “vencedora”, habitantes dos
climas temperados, tinha alcançado seu apogeu. Não existia crise: essa somente
se reservava aos debilóides dos trópicos. Não existia barreiras tecnológicas:
isto era problema de tempo. Não existia resistência: isto era coisa de um
passado já derrotado. Definitivamente, “Fujihamas, Bills e Laydes” se encontravam
para comemorar naquele final de ano a vitória ocidental de “vinte mil anos”.
E o deus Mercado, do alto da sua torre na 5° Avenida esbravejou: “se não praticares cuidadosamente todos os [meus] mandamentos e todas as [minhas] leis que (...) te prescrevo, virão sobre ti e te alcançarão todas (...) maldições” (Deuteronômio, cap.19).
Conforme entardecia o ano da glória aos poucos se
manifestava o incólume “bug”, não na forma de um colapso único e atinente
somente a uma única “condição humana”. De fato a tecnologia, essa condição
humana mais estúpida, porém mais incandescente, não foi a primeira a sofrer
qualquer falha profunda, a contenção do próprio sistema a protegia.
A primeira grande falha sistêmica se deu na relação de poder
político global. A continua onda de quebra do “Império” atingiu seu “opus”
naquele bendito setembro de 2001. Definitivamente estava mostrado que todo
circulo de poder é frágil ou tem um ponto fraco. A derrota imperial não era
mais exterior, era interna a sua própria territorialidade inclusiva.
A segunda grande falha se manifestou naquele mesmo ano. O sistema
sempre se equilibrou em três tentáculos: a ideologia empresarial, a ideologia
concorrencial e a ideologia da eficiência. Em dezembro de 2001 as três
ideologias sucumbiram. O modelo de gestão, concorrência e eficiência tinham
sido derrotados pelo duro golpe da falha “ENRON”.
Como o tempo se torna senhor do mundo, impondo normas e
efeitos, a terceira grande falha foi sequente a segunda. A ideologia do “Homem-Mercado
Racional” explodia como uma bolha mal inflada. O império já se refazia, então,
das derrotas militares e da incompetente mortandade praticada nos “oblíquos”
Orientes. As falhas do “LEHMAN” implodia por dentro o edifício mitológico dos “Mercados
Racionais” e conferia tempo ao tempo do nauseabundo sistema.
As ondas temporais se tornavam desde então frequências econômicas
cada vez mais curtas. A elite imperial pela primeira vez tinha que, “tampando
as narinas”, admitir um NEGRO como temporário regente: em momentos de crise a furibunda
e flexível “esquerda” é chamada a governar. Talvez ainda falte algum tempo para
que as “botinas” sejam chamadas ao termidor.
O “bug” ou a “falha sistêmica” não era para o ano inicial
dos 2000. De algum modo os profetas tecnológicos miraram no que viam e acertaram
no que não viam. A falha (bug) não era de um componente do sistema (o
tecnológico) e sim de todo o SISTEMA, por sua vez não seria repentino,
tempestivo, mas recorrente e a partir daí frequente.
Na última falha, até aqui, todo o sistema mais bem erguido
(o Europeu), na tentativa de conciliar Capital e contradições Democráticas,
encontra-se na beira de um precipício. A última falha, ainda não previsível, é
a mais perigosa: a de salvar o sistema com “reset” geral.
“DELETE-SE”!!!
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