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Editor: José Trindade



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Crônicas Medievalistas XI:O Contínuo Bug do Milênio


Por Zé Lins

O ano de 2000 já vai longe, sob muitos aspectos, tudo desde aquele longínquo ano da virada do milênio parece desfeito, mudado os escarnado. 







Naquele fatídico ano nada de mais ocorreu: as arruelas dos computadores ianques, portugueses ou tupiniquins, permaneceram bem, somente corroídas pela obsessiva necessidade de desuso imposto pelo CAPITAL, particularmente as empresas do BILL, não aquele do “abaixa aqui e toma lá”, e sim o das “frenéticas janelinhas”.

Foi uma frustração total. Todos se recordam de que seria o tal “apagão (bug) para cá e lá” e que nada. Aquele ano de glória transcorreu de forma que o CAPITAL, essa entidade mítica e fantástica, que domina corações e mentes das pobres almas humanas, se regozijou “TODO PODEROSO”. O grito em todo o globo era “somos inigualáveis e está comprovado que a História Acabou”.

Ao fim e ao cabo daquele glorioso ano de esquecimento, parece que de fato a humanidade ou a sua parcela “vencedora”, habitantes dos climas temperados, tinha alcançado seu apogeu. Não existia crise: essa somente se reservava aos debilóides dos trópicos. Não existia barreiras tecnológicas: isto era problema de tempo. Não existia resistência: isto era coisa de um passado já derrotado. Definitivamente, “Fujihamas, Bills e Laydes” se encontravam para comemorar naquele final de ano a vitória ocidental de “vinte mil anos”.

E o deus Mercado, do alto da sua torre na 5° Avenida esbravejou: “se não praticares cuidadosamente todos os [meus] mandamentos e todas as [minhas] leis que (...) te prescrevo, virão sobre ti e te alcançarão todas (...) maldições” (Deuteronômio, cap.19).

Conforme entardecia o ano da glória aos poucos se manifestava o incólume “bug”, não na forma de um colapso único e atinente somente a uma única “condição humana”. De fato a tecnologia, essa condição humana mais estúpida, porém mais incandescente, não foi a primeira a sofrer qualquer falha profunda, a contenção do próprio sistema a protegia.

A primeira grande falha sistêmica se deu na relação de poder político global. A continua onda de quebra do “Império” atingiu seu “opus” naquele bendito setembro de 2001. Definitivamente estava mostrado que todo circulo de poder é frágil ou tem um ponto fraco. A derrota imperial não era mais exterior, era interna a sua própria territorialidade inclusiva.

A segunda grande falha  se manifestou naquele mesmo ano. O sistema sempre se equilibrou em três tentáculos: a ideologia empresarial, a ideologia concorrencial e a ideologia da eficiência. Em dezembro de 2001 as três ideologias sucumbiram. O modelo de gestão, concorrência e eficiência tinham sido derrotados pelo duro golpe da falha “ENRON”.

Como o tempo se torna senhor do mundo, impondo normas e efeitos, a terceira grande falha foi sequente a segunda. A ideologia do “Homem-Mercado Racional” explodia como uma bolha mal inflada. O império já se refazia, então, das derrotas militares e da incompetente mortandade praticada nos “oblíquos” Orientes. As falhas do “LEHMAN” implodia por dentro o edifício mitológico dos “Mercados Racionais” e conferia tempo ao tempo do nauseabundo sistema.

As ondas temporais se tornavam desde então frequências econômicas cada vez mais curtas. A elite imperial pela primeira vez tinha que, “tampando as narinas”, admitir um NEGRO como temporário regente: em momentos de crise a furibunda e flexível “esquerda” é chamada a governar. Talvez ainda falte algum tempo para que as “botinas” sejam chamadas ao termidor.

O “bug” ou a “falha sistêmica” não era para o ano inicial dos 2000. De algum modo os profetas tecnológicos miraram no que viam e acertaram no que não viam. A falha (bug) não era de um componente do sistema (o tecnológico) e sim de todo o SISTEMA, por sua vez não seria repentino, tempestivo, mas recorrente e a partir daí frequente.

Na última falha, até aqui, todo o sistema mais bem erguido (o Europeu), na tentativa de conciliar Capital e contradições Democráticas, encontra-se na beira de um precipício. A última falha, ainda não previsível, é a mais perigosa: a de salvar o sistema com “reset” geral.

“DELETE-SE”!!!


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