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Editor: José Trindade



terça-feira, 12 de março de 2013

Não ao Conclave: Eleições Diretas Já!


Crônicas Medievalistas XV

Nosso irreverente cronista Zé Lins andou sumido, mas agora reaparece direto do Vaticano e trazendo uma proposta bem radical!

Por Zé Lins

(Especial do Vaticano)

Não sou exatamente um católico praticante, vocês sabem: daquele tipo que vai a novena, frequenta missa e “papa” hóstia. Bem, na verdade, não sou exceção, sou regra. Vejam vocês, segundo números recentes, no Brasil 79% da população se declara católica, mas somente 45% se dizem “praticantes”. É bom dizer que isso não é um acaso tupiniquim, entre nossos patrícios portenhos 89% se dizem católicos, mas somente 21% vai a novena e sabe rezar o padre-nosso e a salve-rainha de co e salteado.  




Mesmo com essa fraqueza litúrgica, me cabe uma opinião sincera e que gostaria de dividir com todos os irmãos católicos, praticantes, agnósticos, de outros credos e até ateus apostólicos romanos: a defesa das eleições diretas e universais para o papado. Tenho certeza que a proposta aqui feita e abaixo fundamentada criará um amplo movimento e despertarão vivas criticas e ferozes debates, como, aliás, tudo que se relaciona a milenar crença fundada por São Pedro e tão fortemente impregnada no mundo ocidental.

Nos últimos anos o mundo católico vem passando por intensa crise, ou melhor, crises diversas: crise de fidelidade, daquele tipo que se troca de casa por ter perdido o interesse pela reza diária; crise de consciência, quando os pecados pesam mais que as penitências; crise de modernidade, quando tudo tá mudando tão rápido que fica a sensação que se perdeu o trem da história; finalmente, a crise mais grave, a crise de reconhecimento, aquele tipo que por perder as referências, ou as mesmas caducarem, envelhecidas pelo tempo, se fica perdido procurando se segurar em qualquer resquício de suas antigas verdades, quase todas hoje em frangalhos.

Faço aqui uma proposta revolucionária a todos os católicos, mais ou menos praticantes, não vem ao caso: Eleições diretas já para o Papa. Vejam vocês a conveniência do momento e a grande repercussão que essa decisão ensejaria. Vamos aos fatos.

Pela primeira vez, em seiscentos anos, se tem uma renúncia papal, sendo que pela primeira vez na história diretamente transmitida ao vivo e a cores pela internet e tv. Na história se tem registrado somente outros quatro casos de renúncia papal, todos em momentos de grande crise católica, valendo citar aqui, o ocaso do papa Celestino V, um eremita eleito em 1294, somente eleito porque ameaçou com a ira de São Pedro os cardeais que se reuniam havia três anos sem chegar a um consenso. O eremita não aguentou o reinado papal e em cinco meses resolveu retornar a sua vida de andarilho, somente impedida pelo cruel Bonifácio VIII que mandou prender e executar o pobre andarilho.

Como Ratzinger nunca teve predisposição a andarilho, julgo que deverá findar seus dias em parcial santidade, mesmo que o desembaraço da atual crise de reconhecimento e de consciência sejam duras tarefas a serem tratadas nos próximos anos. Deste modo, a melhor forma da Igreja tratar o atual caso é com um choque democrático: conclamar todos os fiéis, quase fiéis e outros acólitos a se manifestarem na escolha do futuro papa.

Claro está que algumas regras básicas terão que ser cumpridas, para que não haja nenhum risco de questionamento ou dúvidas quanto a serenidade e seriedade de tão divina escolha popular. Vamos a elas:

i) Somente poderão concorrer bispos e cardeais, nada diferente do que já se tem hoje;

ii) Cada país votará numa lista de três nomes de nacionalidades distintas, podendo somente um dos votados ser da mesma nacionalidade;

iii) O voto será universal, não havendo diferença entre ser coroinha, diácono, padre ou mero mortal devoto;

iv) Uma comissão internacional, acompanhada pela ONU, por representantes de todas as outras crenças e religiões, será responsável pela apuração dos votos.

Julgo que basta de regras, caso acatem minha sugestão tenho certeza que se constituirá um amplo movimento, com forte determinação de democratizar a santa madre igreja e que proporá regras de ampla participação na primeira eleição direta de um papa, claro que com forte oposição da Opus Dei e da TFP (Tradição, Família e Propriedade). 



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