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Editor: José Trindade



quarta-feira, 9 de maio de 2012

O QUARTO PODER NA DEFENSIVA OU QUE PENSARIA POLICARPO


Por Zé LIns

A CPI do Cachoeira parece conter uma dose de nitroglicerina que as outras não tinham. Vale aqui uma breve recapitulação de CPIs clássicas. 

Começamos, obviamente, pela que detonou o “bólide” Collor de Mello, de maneira muito geral o conteúdo daquela Comissão era pautada pela indolência e incapacidade administrativa do “caçador de marajás”, soma-se a convergência de fatores como corrupção, incapacidade política das elites no pós-ditadura e a pressão crescente dos movimentos sociais.

O “Fora Collor” tinha conteúdo político e social apimentado, mas a pimenta que regrava era aquela altura um PT já bem próximo ao “status quo” e que de maneira geral cabia aos setores diversos das elites cederem anéis sobressalentes para não perder nem um quinhão do dedo mindinho.

O tal “caçador de maracujás” se foi para suas Alagoas e aquela nobre terra que já nos deu o inimaginável Graciliano, nos pariu também aquele fantástico exemplo de penumbra brasiliana. E assim a CPI do Collor acabou em arranjo necessário a sôfrega consolidação da transição “segura e gradual” da ditadura para o ciclo democrático brasileiro (os mais lidos sabem que Golbery do Couto e Silva foi maestro da permanente conciliação nacional, entre outros).

Alguns anos se passaram e nossa cronologia histórica continuou em seu ritmo acidentado e, em grande medida, conciliador com os poderosos e com os poderes do entretenimento. Em 1994 o próprio Collor acaba absolvido pelo STF e os 103 processos judiciais que respondia são comutados por um “nada consta”, o que desde sempre foi o exemplo mais eloquente dos limites das CPIs.

Desde então, as CPIs de maior repercussão no Congresso investigam temas comuns: corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e desvios de recursos públicos. Vai aí uma lista breve e com lacunas importantes: CPI dos Precatórios, CPI do Marka e FonteCindam, CPI dos Laboratórios Farmacêuticos, CPI do BANESTADO, CPI do Valerioduto e a carimbada CPI do Mensalão e muitas outras.

A questão diferencial entre essa CPI do Cachoeira e as demais está em um componente de grande odor e dor: o papel da mídia e do poder midiático na interação com os demais símbolos de virtudes e vícios republicanos. Vale reforçar a agonia litúrgica da “Carta Capital”, e endereçar aos poucos deputados independentes o apelo machadiano: “CONVOQUEM O POLICARPO”!

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